'Sem sustentabilidade, equação não fecha', diz Luiz Cornacchioni, da Abag

Reportagem e foto: Paulo Beraldo

SÃO PAULO - O De Olho no Campo conversa hoje com o engenheiro agrônomo Luiz Cornacchioni, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). 

Na  entrevista, Cornacchioni diz que a preocupação com a sustentabilidade deve nortear as discussões e a produção de alimentos no Brasil. "Sem sustentabilidade, a equação não fecha". 


Segundo ele, o assunto deve ter cada vez mais atenção do setor agropecuário. "É uma tendência mundial e as exigências vão aumentar, faz parte do mercado global. É super importante para um País com uma produção robusta de mais de 235 milhões de toneladas de grãos, 60 milhões de sacas de café, cerca de 30 milhões de toneladas de açúcar", enumera ele, que é um dos líderes da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura. "Se virarmos as costas para os fundamentos ambientais, vamos ter dificuldades", reforça. 

Em sua avaliação, do ponto de vista da melhoria da imagem do agronegócio brasileiro no exterior, não basta apenas promover o produto, mas sim os conceitos por trás dele. "Após alguns eventos internacionais em que mostramos fatos e dados sobre nossa produção, ouvi de gente importante: 'não fazia ideia que vocês produziam assim'", destaca. "Estamos quebrando paradigmas". 

Cornacchioni também alertou para a necessidade de o Brasil ter uma política de Estado para o comércio internacional. "Temos que olhar com todo o carinho para essa questão, pensar em mais acordos comerciais", diz. 

Antes, contudo, ele diz ser fundamental fazer a "lição de casa". "Se o governo fizer a reforma da Previdência, vai dar estabilidade do ponto de vista macroeconômico, com reflexos na inflação, na taxa de juros, no câmbio e na atração de investimentos. A pauta econômica tem que andar". 

Cornacchioni afirma, ainda, que o Brasil tem possibilidade de produzir em muitas áreas que ainda não são utilizadas, "sem nenhum desmatamento", o que não ocorre por falta de infraestrutura. "A logística prejudica. Estamos pagando três vezes o custo por tonelada de transporte de grãos do que pagam os americanos e quase duas vezes o custo da Argentina, um vizinho nosso. Isso precisa mudar".