Roberto Rodrigues: 'Segurança alimentar passou a ser tema central no mundo'
Reportagem: Paulo Beraldo
Foto: Gerhard Waller/USP
SÃO PAULO - O De Olho no Campo conversa hoje com o ex-ministro Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Estudos de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Agro).
Roberto lançou em janeiro deste ano o livro “Agro é Paz: análises e propostas para o Brasil alimentar o mundo”, com artigos de especialistas sobre os desafios do Brasil para aumentar a produção de alimentos nos próximos anos.
"A segurança alimentar passou a ser um tema central no mundo", disse ao De Olho no Campo. "A Organização das Nações Unidas (ONU), cujo papel é a defesa da paz, passou a se preocupar com esse assunto porque acabou se dando conta que onde houver fome não haverá paz. Essas migrações são a prova moderna disso", afirmou.
A publicação tem 14 capítulos sobre temas como defesa agropecuária, inovação e tecnologia no agronegócio, sustentabilidade, gestão, competitividade internacional, política agrícola, macroeconomia, agroenergia, cooperativismo, logística, segurança jurídica e comunicação.
Roberto Rodrigues diz que o Brasil tem papel central na oferta mundial de alimentos e que tem visto esse debate em eventos internacionais. "O USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) apresentou um trabalho mostrando que, em 2030, a oferta vai ter que crescer 20% para não haver fome. Para isso, o Brasil tem que crescer 41% na produção de alimentos".
Rodrigues ressalta que o Brasil tem tecnologias sustentáveis, terras disponíveis e gente competente para aumentar a produção, mas alerta para a necessidade de não se reduzirem os investimentos em tecnologia. "Se para, ficamos para trás". O ex-ministro defende também a necessidade de parcerias público-privadas para haver mais desenvolvimento logístico no Brasil, e segurança jurídica para que haja interesse do setor privado com garantia de retorno.
Sobre sustentabilidade, diz que é um tema de competitividade, mais do que "palavra moda" ou vontade de alguns. "Ou é sustentável ou não compete".
Em relação às pesquisas, diz ser necessário criar fundos que permitam ao setor privado obter respostas para suas demandas em parceria com instituições públicas de investigação. "E não só na ciência, mas também na disseminação".