De Olho na Agrifam: Feira da Agricultura Familiar se destaca pelo repasse de tecnologias sustentáveis
12ª AGRIFAM, em Lençóis Paulista, trouxe diversos centros de pesquisa que apresentaram técnicas voltadas para o meio ambiente
Texto e fotos: Paulo Palma Beraldo
Quem
passou pela 12ª AGRIFAM, a maior feira de agricultura familiar do País, pôde
encontrar dezenas de tecnologias e inovações com foco na produção sustentável. De
tanques artificiais a sistemas de produção orgânicos, diversas
novidades adaptadas para produtores familiares estavam disponíveis na feira.
A
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ/USP – levou para a
Agrifam projetos na área de horticultura, plantas daninhas, pesquisas
florestais, práticas em fruticultura e informações sobre irrigação e
drenagem.
A Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp de Botucatu esteve presente com o
Grupo de Plantio Direto, com destaque para o projeto de pesquisa “Inspeção
Periódica de Semeadoras”. O objetivo do IPS é reduzir os erros no
plantio, evitando o desperdício de sementes e o prejuízo do
produtor, explica o coordenador do projeto, o pesquisador Paulo Roberto Arbex
Silva.
Silva
explica que é importante minimizar os erros no plantio porque não
poderão ser corrigidos durante a safra, o que resulta em perdas para o agricultor, uma vez que os preços das sementes são elevados.
“É importante estar em eventos como
a Agrifam para levar essas informações aos produtores. O interesse foi
muito grande, principalmente quando os produtores percebem que estão perdendo e
podem reduzir perdas com práticas como a inspeção periódica”, diz.
Estratégico
A aquaponia, sistema que integra a produção de peixes e hortaliças, foi um dos destaques da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) na Agrifam 2015.
Nesse sistema, é possível economizar água. Não há necessidade de descartá-la, apenas repor aquela que evapora. Além disso, a aquaponia permite produzir em um mesmo sistema alimentos de origem animal e vegetal.
Nesse sistema, é possível economizar água. Não há necessidade de descartá-la, apenas repor aquela que evapora. Além disso, a aquaponia permite produzir em um mesmo sistema alimentos de origem animal e vegetal.
O pesquisador do pólo regional de Pirassununga-SP da APTA, Fábio Sussel, diz que a aquaponia pode ser usada no cultivo comercial em grande escala e na produção familiar. “Em mil litros de água, com quatro metros quadrados de canteiro e de biofiltro, é possível ter uma produção para fornecer alimentos para pelo menos quatro pessoas da família”, explica.
Segundo Sussel, trata-se de tecnologia antiga, usada em países europeus e que vem sendo adaptada para a realidade brasileira pela APTA. Em diversos países, há a criação de tilápias, peixes que precisam de oito meses para atingir tamanho comercial. A APTA está introduzindo o lambari no sistema, que necessita de três a quatro meses. Com isso, o retorno financeiro é mais rápido, explica Fábio Sussel.
O fato de a aquaponia poder economizar até 95% em relação à produção convencional em canteiros de terra deve ser lembrado, diz Sussel. “Essa redução da quantidade de água necessária para se produzir alimentos é muito importante. Em tempos de crise hídrica, é estratégico pesquisar essas alternativas de produção”, afirma.
Na feira havia uma empresa com um tanque para produção intensiva de peixes. Com custo de 50 mil reais, esse equipamento permite a criação desses animais em um sistema fechado, o que contribui para a economia de água. A água é renovada através da produção de algas, que depois se tornam alimentos para os peixes.
Na feira havia uma empresa com um tanque para produção intensiva de peixes. Com custo de 50 mil reais, esse equipamento permite a criação desses animais em um sistema fechado, o que contribui para a economia de água. A água é renovada através da produção de algas, que depois se tornam alimentos para os peixes.
O Instituto Federal de São Paulo aproveitou a Agrifam
para divulgar o Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica de Avaré.
A professora doutora Raquel Mattana, representante do IFSP, comenta que a feira
foi uma oportunidade para divulgar a instituição, os cursos oferecidos e os
projetos para agricultores familiares.
Um dos principais projetos do IFSP Câmpus Avaré é o de
agroecologia, iniciado em 2013, com parcerias com órgãos públicos e empresas
privadas, como a prefeitura de Avaré, a empresa Ecologia Aplicada e Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (CATI) Regional de Avaré, além da Organização
Ambiental Teyque'-Pe' (OAT).
--> IFSP aproveita AGRIFAM para divulgar inovações científicas
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“Trabalhamos pesquisa, ensino e extensão. Temos em
torno de 10 alunos bolsistas envolvidos no projeto e cinco técnicos engenheiros
agrônomos apoiando diretamente os agricultores”, diz Raquel Mattana.
Segundo ela, o projeto visa atender agricultores que trabalham
na prática de produção orgânica. São em torno de 30 produtores e quatro recebem
bolsas do projeto, já que suas propriedades têm o objetivo de ser modelo para
as outras.
“Todas as novas tecnologias e inovações vão sendo aplicadas ali,
para serem adaptadas e então apresentadas para outros agricultores”, diz. São
feitas visitas mensais, nas quais é reunido o grupo de agricultores
participantes do projeto.
“Já tivemos resultados muito positivos. Um deles é
comercializar para a merenda escolar de Avaré, onde ofertamos alimentos de
produção agroecológica”, comemora Mattana. Segundo a pesquisadora, o próximo
passo é obter a certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) para poder comercializar os produtos agroecológicos em
feiras e órgãos públicos, através dos programas de compra do governo federal.
Embrapa
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) levou para a Agrifam tecnologias focadas na agricultura familiar. Um dos projetos foi o Balde Cheio, desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos-SP, com o objetivo de melhorar a produtividade do gado leiteiro.
Outra tecnologia foi a integração lavoura-pecuária-floresta, que propicia mais conforto aos animais, já que inclui árvores na pastagem. Nesse sistema, as árvores se tornam uma poupança verde para o futuro.
A Embrapa Instrumentação, também de São Carlos, apresentou tecnologias voltadas para o saneamento rural, com destaque para a fossa séptica biodigestora, que possibilita tratar o esgoto do vaso sanitário de forma limpa e eficiente.
A Embrapa Hortaliças, de Brasília-DF, lançou um livro sobre hortaliças para a agricultura familiar, com informações sobre boas práticas, desde produção de sementes até a comercialização. A livraria da Embrapa também estava presente na feira para disponibilizar suas obras.