'Segurança é um dos principais problemas do agronegócio', diz Antônio Junqueira


Paulo Beraldo

SÃO PAULO - A criminalidade e a insegurança no campo configuram hoje um dos principais problemas do agronegócio brasileiro. A avaliação é do produtor rural Antônio Júlio Junqueira de Queiroz, ex-secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e membro do Conselho de Administração da Credicitrus.

Em conversa com o De Olho no Campo na capital paulista, ele diz que a insegurança nas propriedades rurais atinge todas as regiões do Brasil e relata que sua fazenda já foi alvo duas vezes de criminosos apenas em 2019. 

Ele e outros produtores de sua região - Colina-SP - decidiram organizar uma ronda rural para aumentar a segurança em suas propriedades após terem sido alvos de furto de máquinas agrícolas, agroquímicos e animais. "Mas fazer essa organização não é um papel nosso, né? A gente ainda consegue formar esse grupo, mas e quem não pode, quem está em outras regiões com menos recursos? É preciso investir em conectividade, em internet, para estarmos conectados com uma central e fazer a informação chegar mais rápido na polícia", diz.

Antônio defende também maior punição para os criminosos que adquirem produtos oriundos do crime no campo. "Se alguém rouba é porque tem quem compra. Tem que acabar com esse mercado".  Ele é favorável ao decreto que facilitou a posse à arma de fogo no campo, mas entende ser preciso adotar outras medidas como o direcionamento de recursos e apoio logístico para que os Estados possam fortalecer a prevenção e o combate a esse tipo de crime.  

Setor
Atento às discussões que envolvem o setor, vê com bons olhos a gestão da ministra Tereza Cristina (DEM-MS), da Agricultura e Abastecimento. "Está fazendo um ótimo trabalho. Tem interlocução, ouve opiniões. E política é isso: resolver conflitos e encontrar soluções", diz ele, ressaltando que a experiência de ouvir agentes produtivos ajuda a entender as necessidades e dificuldades do dia a dia. 

Junqueira também falou sobre a necessidade de haver investimentos maciços em pesquisas, educação e seguro rural para reduzir a evasão rural e estimular a sucessão, hoje um dos grandes dramas do agronegócio. Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 8 em cada 10 produtores rurais no Brasil têm menos de 50 hectares, o que aumenta a necessidade de eficiência. 

"É essencial nesse País investir em pesquisa e educação. Há muitos filhos e filhas de produtores rurais querendo fazer as coisas no campo mas, às vezes, os pais não estimulam porque falam: 'oh, filho, eu estou sofrendo aqui, não é fácil'. Então, se investir em cultura, em pesquisa, em inovação, o pessoal vai produzir mais, produzir melhor, com técnicas mais modernas, vão ter mais renda e vão poder viver muito bem sem sofrer o que os pais sofreram".