De Olho no Campo é premiado em concurso de jornalismo sobre cafés

Conselho Nacional do Café concedeu premiação ao veículo por reportagem sobre crescimento dos cafés especiais em Garça, no interior de São Paulo

BRASÍLIA - O portal De Olho no Campo foi premiado nesta terça-feira, 19, na segunda edição do Prêmio Café Brasil de Jornalismo. A reportagem "Referência em café há 94 anos, Garça vive novo boom e quer ser polo nacional até 2025" ficou em segundo lugar na categoria Internet e foi escrita pelos jornalistas Paulo Beraldo e Everton Sylvestre. Os vencedores foram anunciados em coquetel em Brasília-DF. O concurso é organizado pelo Conselho Nacional do Café (CNC), pela Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e pela cooperativa Minasul. 


O trabalho mostra a transformação vivida na cidade do interior paulista e a organização para a produção de cafés de alta qualidade. A reportagem permaneceu em Garça por dois dias e ouviu produtores rurais, autoridades públicas, dirigentes de cooperativas, entidades e federações para descrever o momento histórico vivido pelo município.



Em 2018, Garça produziu 300 mil sacas de café, cerca de 6% da produção estadual. Quando somados os outros oito municípios produtores da região, como Cafelândia e Pirajuí, o número chega a 10% da produção de SP, que gira em torno de 4,4 milhões de sacas. Levando em conta a zona rural e as empresas cafeeiras, o café gerou R$ 300 milhões no município em 2017 - ou quase 20% do PIB de Garça.

Para o jornalista Everton Sylvestre, o prêmio é um momento significativo na carreira. Formado na Unesp e com passagem pela afiliada da TV Globo em Bauru-SP e por uma federação de agricultores familiares, o repórter avalia que o conteúdo merece mais destaque na imprensa. 

"Esse reconhecimento consagra a imersão naquela terra movida pelo café. A própria experiência de conhecer e dar evidência às pessoas e à relação delas com o café já foi muito recompensadora", diz. 

Na avaliação de Paulo Beraldo, criador do site De Olho no Campo, o prêmio evidencia que o conteúdo produzido está na direção correta. Segundo ele, uma das missões do portal é dar visibilidade a histórias sobre o mundo rural que nem sempre aparecem na imprensa. "Existem muitas histórias no agronegócio brasileiro que precisam ser reconhecidas. O que está acontecendo em Garça é uma delas", diz. 

"O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do planeta e isso é desconhecido de boa parte da população. Um dos meus objetivos com o site é trabalhar para mudar essa realidade dando mais visibilidade ao tema". 

Em Garça, uma em cada duas propriedade rurais tem cafezais. Hoje, o Brasil é responsável por 1/3
da produção mundial do grão. Foto: Everton Sylvestre/De Olho no Campo

Segundo prêmio

Essa é a segunda vez que o De Olho no Campo é premiado no concurso. Em 2017, o portal foi vencedor da primeira edição do concurso, na categoria Internet, com matéria sobre o avanço da produção de cafés especiais no Brasil. O trabalho, chamado 'Aceita um cafezinho?', mostrava que, na última década, a procura por café cresceu por volta de 2% ao ano, enquanto o mercado de cafés especiais avançou em patamares próximos de 15%.

Além deles, o site já foi vencedor do Prêmio Senepol de Jornalismo em 2018 e do Prêmio da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), em 2017. Em 2016, ganhou o Prêmio Comigo de Jornalismo.

O concurso

A premiação é organizada pelo Conselho Nacional do Café (CNC) em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Minasul). O concurso teve apoio institucional da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).

“Esta edição deu especial atenção à importância econômica da atividade cafeeira nas regiões onde é exercida, tendo como suporte as nossas cooperativas, que se mostram cada vez mais vitais para que a cafeicultura nacional mantenha sua força, gerando milhões de empregos e movimentando as economias regionais, fortalecendo os diversos segmentos do comércio. Tudo isso preservando o meio ambiente, vital para que a sustentabilidade seja uma constante", explica o presidente do CNC, Silas Brasileiro.

O diretor de Comunicação do Conselho, Paulo André Kawasaki, destaca a importância do Prêmio no atual contexto vivido pela profissão no país. “O advento das redes sociais criou um cenário de agilidade, mas que também acendeu a luz de alerta. O jornalismo profissional passa por uma fase de descrédito. Qualquer pessoa, que publique qualquer coisa na internet, torna-se o ‘senhor da razão’, ainda que não haja apuração dos fatos para a postagem, assim como por parte de quem lê e compartilha, disseminando conteúdos que não primam pela verdade ou, no mínimo, por ouvir os dois lados. A ideia de criar o Prêmio foi para valorizar o trabalho do bom jornalismo, sendo esse o estímulo que encontramos a esses profissionais que dedicam sua realidade em prol da boa informação ao público”, explica.

Evento teve a presença de autoridades como senadores, deputados e líderes de cooperativas de várias regiões do Brasil. 

Os três primeiros colocados de cada categoria receberam a premiação em Brasília, na sede da OCB. O valor total destinado aos vitoriosos do Prêmio foi de R$ 90 mil, sendo R$ 10 mil aos campeões, R$ 7,5 mil aos segundos colocados e R$ 5 mil aos terceiros lugares. Além da categoria Internet, houve trabalhos nas categorias de Rádio, TV e Impresso. 

Os vencedores
Na categoria Rádio, o título ficou com Júlio Vieira, da BandNews Belo Horizonte, com o material "Brasil – O Barão Mundial do Café". O segundo lugar foi para Terezinha Jovita, com a reportagem “Cafesul: desenvolvimento social, econômico e ambiental no sul do Espírito Santo com o comércio justo”, e a terceira colocação para Marcos Menezes, pelo conteúdo “O poder do cooperativismo na sustentabilidade do homem no campo”, ambos da Rádio Espírito Santo.

O campeão da categoria TV foi o jornalista Bruno Faustino, da TV Educativa ES, com a matéria "Arábica: café muito além do grão". O conteúdo "O crescimento do mercado de cafés especiais no Brasil", editado por Pedro Aurélio Carvalho e produzido por Lucas Magalhães, da EPTV Sul de MG, afiliada Rede Globo, obteve a segunda colocação na categoria, que teve como terceiro colocado o material "Mulheres na cafeicultura - exemplo capixaba", elaborado pela jornalista Camila Soares, também da TV Educativa ES.

A categoria Impresso teve como campeão o material "Um pó de mulheres poderosas" (páginas 6 a 11), de autoria de Leandro Fidelis, da Revista Safra ES. Na sequência, vieram as reportagens “Mais renda para o cafeicultor capixaba” e “O grão que nos conquista”, elaboradas pelos jornalistas Julio Huber, da Revista Negócio Rural, e Hulda Rode, da Revista RDM Rural, respectivamente.

Na categoria Internet, o título foi para o jornalista Fernando Dantas, da Revista Safra Online, pelo conteúdo “Garantia de bom café à mesa”. Na terceira colocação, ficou a matéria "O aroma do cooperativismo do café", de Jonas Feliciano, do Portal Eu, Rio!.