Indústria precisa ir com pesquisa para o mundo, diz diretor da Embrapa

Paulo Beraldo

BRASÍLIA - A atuação internacional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) deve ser vista como uma oportunidade para empresas de diferentes setores da cadeia produtiva do agronegócio. "Está faltando enxergar a oportunidade de levar o setor empresarial junto com a Embrapa para o mundo. A indústria precisa ir junto com a pesquisa", defende o agrônomo Celso Moretti, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa. 

Segundo ele, há potencial para parcerias na África, na América Latina e Caribe, no Oriente Médio e também no Sudeste Asiático. "Temos de estar juntos com o setor produtivo não só aqui como no exterior também", reforça. Hoje, a Embrapa tem 196 acordos bilaterais e 9 acordos multilaterais. Eles envolvem 141 instituições de 45 países.


Moretti cita a mesma estratégia adotada por norte-americanos e japoneses no passado, quando auxiliaram o Brasil em distintos setores da economia e trouxeram junto companhias de seus países. "É uma estratégia comercial e há esse espaço. O Brasil tem 204 milhões de hectares de Cerrado e a África, 400 milhões". Segundo ele, o Brasil tem soluções de agricultura tropical que podem ser adotadas lá.

Celso Moretti, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, é engenheiro agrônomo e doutor em produção vegetal. Foto: Jorge Duarte/Embrapa


"É uma oportunidade enorme para empresas de sementes, principalmente de pastagens. Se levarmos pastagem, podemos levar o gado, empresas da área de transferência de embrião", exemplifica, citando ainda companhias que atuam no setor de máquinas e implementos agrícolas.

Investimentos. Como um exemplo, Moretti afirma que a empresa foi procurada por autoridades do Casaquistão que querem criar uma instituição pública de pesquisa agropecuária nos moldes da Embrapa. "Vamos ajudar e, por outro lado, amarrar essa cooperação no lado comercial e empresarial também." Ele salienta que o país é o centro de origem da maçã, fruta exportada pelo Brasil. "Ter acesso a isso é estratégico para a cadeia produtiva. Se surgir uma doença, uma nova praga, podemos acessar o banco deles", afirma.

Além disso, Moretti diz que a Embrapa recebe semanalmente estrangeiros e que fortalecer a atuação internacional é uma das metas da nova gestão. Em abril, o diretor vai participar de um evento internacional com 100 empresários em Nova York dispostos a investir no agronegócio brasileiro. "Eles queriam a presença da Embrapa porque entendem que o fato de o Brasil ter a companhia é uma vantagem competitiva em relação a outros países."

Moretti diz que o objetivo da Embrapa, agora, é sair "de um modelo 'ofertista' para um modelo de inovação". "Nossas ações estão com grande foco na entrega de valor para a sociedade. A estratégia é chegar até 2022 com aproximadamente 40% dos projetos em parceria com o setor privado", diz. Hoje, esse tipo de projeto representa 10%.