Produção de peixe no Brasil cresce 4,5%; País é 4º maior produtor mundial de tilápias


Reportagem e foto: Paulo Beraldo


SÃO PAULO - A produção de peixes de cultivo no Brasil cresceu 4,5% no ano de 2018, chegando a 722.560 toneladas. O peixe mais produzido no País é a tilápia, com 400 mil toneladas produzidas. O faturamento do setor chegou a R$ 5,067 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). 

Os números colocam o Brasil como o quarto maior produtor de tilápia, atrás apenas de Egito, Indonésia e China. Os egípcios produziram 860 mil toneladas de tilápia em 2018, enquanto a Indonésia chegou a 1,25 milhão e a China, a 1,86 milhão de toneladas. No mundo todo, foram produzidas cerca de 6 milhões de toneladas deste peixe, o mais cultivado. A expectativa do Brasil, para 2019, é chegar a 450 mil, avanço de 15%

O Paraná é o maior produtor de tilápia do Brasil, com 123 mil toneladas produzidas no ano anterior. Depois, São Paulo produziu 69.500 toneladas, seguido por Santa Catarina, com 33.800, Minas Gerais, com 31.500 e Bahia, com 24.600. Os cinco estados representaram cerca de 65% da produção nacional. 

Nativos 
Nesse mercado, o tambaqui continua liderando, com 287.910 toneladas, mas caiu 4,7% em relação a 2018. Clima, problemas sanitários e variações de mercado explicam a retração. 

Em 2018, Rondônia produziu 72.800 mil toneladas de nativos, Mato Grosso produziu 52 mil, seguido por Maranhão, com 35.200 toneladas, Pará, com 22.600, e Roraima, com 17.100 toneladas. 

Outras espécies 
Peixes como carpa, panga e truta têm crescido sua participação no mercado. Nesse segmento, a carpa domina, com 80% das 34.370 toneladas de peixes identificados como 'outras espécies' pela PeixeBR. Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os Estados com maior presença nesse segmento.

Desafios
Cerca de dois terços dos peixes consumidos no Brasil são capturados em águas salgadas e importados - destaque para o salmão e o bacalhau. O País importa cerca de US$ 1 bilhão em peixes. Segundo Francisco Medeiros, presidente executivo da PeixeBR, é preciso incrementar o consumo com a valorização dos peixes produzidos no País.  Medidas para estimular o consumo passam por 'educação do consumidor', ações de marketing e acesso a novos mercados. "Essa sensibilização envolve todos os elos da cadeia produtiva", disse ao De Olho no Campo em evento em São Paulo em 15 de fevereiro. 

Além do aumento do consumo, estimado em dez quilos por pessoa por ano, Medeiros destaca a necessidade de a "política não atrapalhar". Hoje, o País tem mais de dois mil projetos aguardando autorização de cessão de águas da União para poderem ser colocados em prática. "Com isso, poderíamos ser o maior produtor de peixes do mundo". Segundo ele, há projetos com mais de dez anos de espera. "Isso não deveria demorar mais de 180 dias", avaliou. 

Presente no evento, o secretário da Pesca, Jorge Seif Junior, respondeu que tem agido para dar mais celeridade aos projetos e que, muitas vezes, a autorização passa por diversas instituições. Ele informou que aumentou o número de funcionários responsáveis por cuidar desse trabalho e que não pode dar prazos porque as ações não dependem somente da Pasta. 

Revolução genética
De acordo com Ricardo Neukirchner, presidente do Conselho da PeixeBR, o Brasil passará por uma "revolução genética" no mercado de peixes nos próximos anos, com a chegada de multinacionais no setor e investimentos. Ele explica que a taxa de mortalidade vai reduzir e haverá aumento na velocidade do ganho de peso dos animais. 

"Vamos ter melhor desempenho no desenvolvimento dos peixes, maior rendimento do filé e mais resistência a doenças", afirmou. "De cada dois quilos de peixe consumidos, um vem da aquicultura, e isso está aumentando. O Brasil tem uma grande oportunidade nesse mercado". 

Acesse mais dados sobre a piscicultura nacional no Anuário da PeixeBR