Publicação indica passo a passo para explorar árvore nativa em sistemas integrados
EMBRAPA - O produtor que pretende implantar um sistema integrado de produção utilizando árvores nativas em sua propriedade tem muitas dúvidas sobre esse processo. Por onde começar? É permitido cortar a árvore depois? Que autorizações são necessárias?
Pensando em facilitar a vida desse empreendedor, a Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) lançou a publicação “Orientações para plantio, colheita e comercialização de espécies florestais nativas da Mata Atlântica no Estado de São Paulo”. O acesso é gratuito e pode ser feito por aqui.
A autora Maria Luiza Franceschi Nicodemo conseguiu reunir nesse guia todas as recomendações de órgãos envolvidos com o controle de árvores nativas. Ela compilou material disponibilizado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), além de manter contato e receber apoio da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo na revisão do trabalho.
A pesquisadora conta que as dúvidas sobre plantio, colheita, transporte e venda legal de árvores nativas surgem com frequência durante eventos com produtores, técnicos e estudantes. Daí a ideia de sistematizar as orientações.
“O documento é destinado às pessoas físicas ou jurídicas interessadas em cadastrar plantios efetuados com espécies nativas do Brasil, para posterior exploração em área comum não protegida, ou seja, áreas localizadas fora de Áreas de Preservação Permanente (APPs), de reservas legais, remanescentes de vegetação, ou qualquer outra área com restrição de uso”, informa a autora logo na introdução.
Uma dica básica é que o plantio de espécies nativas do Brasil deve ser cadastrado quando
houver intenção de exploração futura. Toda operação de exploração, seja ela de coleta de produtos madeireiros ou de corte para obtenção de produtos madeireiros, deve ser previamente comunicada. Os órgãos que devem ser procurados e a documentação a ser apresentada estão listados na publicação.
O Brasil tem uma das maiores variedades de espécies arbóreas nativas do mundo e os produtores exploram pouco essa diversidade. O volume de pesquisas científicas sobre essas árvores ainda é pequeno, de acordo com Maria Luiza. “A gente precisa conhecer melhor, ter técnicas mais desenvolvidas para poder recomendá-las aos produtores”, afirma. Mesmo assim, alguns produtores têm mostrado interesse em trabalhar com elas.
Explorar a apicultura no sistema agrosilvipastoril é uma possibilidade, de acordo com a pesquisadora. Ela diz que a maior parte das árvores testadas na Embrapa Pecuária Sudeste é melífera. “Inclusive o capixigui, que tem um crescimento super-rápido, é uma excelente planta apícola, o mel é de excelente qualidade.” O problema dessa espécie é a dificuldade de trabalhar com sistemas mecanizados, pois a árvore apresenta galhos que se voltam para baixo.
Maria Luiza citou o exemplo de uma produtora de Brotas (SP) que tem parceria com produtor de mel. Ele implanta as caixas de abelhas na área de eucalipto e de nativas e ela fica com uma parte da produção. “Essa coexistência de diferentes formas de produção numa área com sistemas arborizados é muito interessante para o produtor.”
Fonte: Embrapa
Foto: Gisele Rosso/Embrapa