Plantio direto com rotação de culturas é eficaz na mitigação de gases de efeito estufa

Experimentos de longa duração na região central do Cerrado brasileiro apontaram que o sistema plantio direto (SPD) com uso da rotação de culturas e presença de plantas de cobertura é o mais promissor para mitigação de gases de efeito estufa (GEE), quando comparado ao cultivo mínimo, sem a presença de plantas de cobertura, ou ainda em relação ao preparo convencional do solo. 

Os sistemas integrados, ou mesmo os sistemas em que a gramínea braquiária foi utilizada somente como planta de cobertura após a soja, também apresentaram menores emissões de GEE.

Na avaliação das emissões acumuladas por unidade de produto (grãos/massa seca), os pesquisadores da Embrapa Cerrados (DF) observaram que o SPD com milho na presença de nitrogênio (N) e com milheto, como planta de cobertura, resultou na menor intensidade de emissão: 77 miligramas de óxido nitroso (N2O) por quilo de grãos produzido (77 mg N-N2O kg-1 grãos). 

Esse resultado foi obtido em comparação a outras espécies de plantas de cobertura, a exemplo do sistema com a leguminosa feijão-bravo-do-ceará, que apresentou emissão de 100 mg N-N2O kg-1 grãos.

No experimento mais antigo de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) do Brasil, conduzido na Embrapa Cerrados desde 1991, as emissões acumuladas após um período de 509 dias de avaliação no sistema integrado com plantio direto foram de 1,75 kg/ha de N2O, valor 53% e 62% menor do que os observados na área de agricultura contínua sem rotação com pasto e na área de lavoura contínua com preparo anual do solo, respectivamente.

Os experimentos também avaliaram os estoques de carbono após 22 anos de implantação. De acordo com o pesquisador da Embrapa Robélio Marchão, na amostragem para cálculo dos estoques de carbono do solo até a profundidade de um metro, somente os sistemas integrados foram capazes de retornar os estoques aos valores iniciais observados no Cerrado.

Fonte: Embrapa
Foto: Andre Mitti/Embrapa