Brasil poderá alcançar o fim da fome até 2030

FAO/ONU - O Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e no Caribe 2017 indica que o Brasil é um dos países da América Latina e do Caribe que poderá alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 Fome Zero até 2030. 

Isso porque o país manteve o índice da fome inferior a 2,5% nos últimos anos. No entanto, a meta só poderá ser alcançada pelo Brasil se houver continuidade nos investimentos em políticas públicas voltadas às populações mais vulneráveis.

“Hoje, o Brasil é um país de referência em políticas públicas de combate à fome. Mas para que continue no caminho certo e atinja a meta até 2030, é necessário que os investimentos em políticas públicas focadas às populações mais vulneráveis continuem acontecendo de maneira efetiva”, destaca Alan Bojanic, Representante da FAO no Brasil.

O relatório foi publicado no início de outubro pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).

América Latina e Caribe
O número total de pessoas que sofrem com a fome na América Latina e no Caribe aumentou, o que está revertendo décadas de progressos. Ao mesmo tempo, o sobrepeso e a obesidade afetam todas as faixas etárias em homens e mulheres e constitui-se em um problema de saúde pública em todos os países da região das Américas.

A publicação destaca, ainda, que depois de vários anos de melhoras progressivas, em 2016, cerca de 42,5 milhões de pessoas de pessoas não contaram com a quantidade suficiente de alimentos para cobrir suas necessidades calóricas diárias. 

Este é um aumento de 2,4 milhões de pessoas, 6% a mais da população subalimentada em comparação com o ano anterior. Se esta tendência não se modificar, a América Latina e o Caribe não cumprirão com a meta de erradicar a fome e a má nutrição em 2030, comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Embora os níveis de fome permaneçam baixos na América Latina e no Caribe em comparação com o resto do mundo, há sinais de que a situação está deteriorando-se, especialmente na América do Sul, onde a fome cresceu de 5% em 2015 a 5,6% em 2016. Na Mesoamérica, a fome afeta 6,5% da população em 2016. Ainda que a fome não tenha aumentado no Caribe, a prevalência é de 17,7%, o que posiciona a sub-região como a de maior prevalência das Américas.

Há apenas umas décadas, os governos da região uniram esforços para combater a desnutrição aguda, a desnutrição crônica e a deficiência de nutrientes. Hoje em dia devem incluir a isto a luta contra o sobrepeso e a obesidade. 

Para enfrentar esta situação, a FAO e a OPAS chamam os países para que transformem seus sistemas alimentares visando impedir o avanço da fome e da má nutrição, colocando uma atenção especial na condição das pessoas, lares e territórios mais vulneráveis. Somente por meio de um grande esforço regional será possível reverter a tendência atual, para voltar ao caminho que fez da América Latina e do Caribe um exemplo mundial da luta contra a fome e má nutrição, informa a publicação.

Embora a fome tenha crescido em seis países, e tenha se reduzido em 21 países, o número absoluto de pessoas com fome aumentou.

A pior situação em termos de prevalência de subalimentação é apresentada no Haiti, onde quase 47% da população, ou seja, 5 milhões de pessoas, sofrem com a fome. Este número representa quase dois terços de toda a subalimentação nos países do Caribe.

Ainda que a fome no nível regional tenha crescido, 21 países da região diminuíram seus níveis de subalimentação, incluindo o Caribe e a Mesoamérica em seu conjunto, entre 2013/15 e 2014/16.

Além do Brasil, Cuba e Uruguai apresentam uma prevalência de subalimentação inferior a 2,5% enquanto que Argentina, Barbados, Chile, México e Trinidad e Tobago estão abaixo de 5%.

Sobrepeso e obesidade continuam afetando todos
O sobrepeso e a obesidade afetam todas as faixas etárias em homens e mulheres, e é um problema de saúde pública em todos os países das Américas, diz Panorama da segurança alimentar e nutricional na América Latina e no Caribe 2017.

A publicação mostra que 7,4% (2,5 milhões) de crianças menores de 5 anos na América do Sul sofrem de sobrepeso e obesidade, assim como 6% das crianças da América Central e 6,9% do Caribe. Além disso, um terço dos adolescentes e dois terços dos adultos sofrem de sobrepeso e obesidade, sendo as mulheres as mais afetadas.

Embora a desnutrição aguda (baixo peso para a altura) tenha sido praticamente eliminada nos menores de cinco anos da região, 11% ainda sofrem desnutrição crônica (atraso no crescimento) e, vale a pena destacar que 7% das crianças sofrem com sobrepeso.