Melhoramento genético aumenta em até 10x a produtividade do guaraná

EMBRAPA - As cultivares de guaranazeiros desenvolvidos pela Embrapa têm potencial para aumentar em mais de dez vezes a produtividade da cultura. 

Já foram lançadas 18 cultivares para uso comercial pelo Programa de Melhoramento Genético do Guaraná, sendo que algumas dessas variedades podem chegar a uma produção de 2,5 kg de semente seca por planta, enquanto a média estadual no Amazonas é de cerca de 0,2 kg. 

Além de maior produção, essas cultivares são resistentes à principal doença que ataca o guaranazeiro, a antracnose.

O processo levou mais de quatro décadas com a seleção de plantas matrizes, desenvolvimento de progênies, testes em campo até chegar às cultivares clonais lançadas e disponibilizadas para os produtores. 

Segundo o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental Firmino José do Nascimento Filho, na década de 1970, a produção de semente de guaraná chegou a níveis muito baixos, principalmente em decorrência da antracnose, doença causada pelo fungo Colletotrichum guaranicola, que ataca as folhas, atrofia galhos e impede a frutificação, muitas vezes levando à morte da planta. 

A solução encontrada pelos pesquisadores na época foi a reprodução vegetativa das plantas, formando cultivares clonais a partir daquelas matrizes que apresentavam as características desejadas. Com o sucesso das avaliações em campo, em 1999 foram lançadas as duas primeiras cultivares clonais comerciais, a BRS Maués e a BRS Amazonas.

Novas cultivares propagadas por sementes
Uma cultivar desenvolvida pela Embrapa está em processo de registro e proteção no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A novidade é que as mudas dessa variedade são obtidas a partir de sementes. Com a estabilização do banco genético e uso de novas técnicas, foi possível desenvolver essas cultivares utilizando sementes, mantendo as mesmas características de alta produtividade e resistência à antracnose.

Outra cultivar, ainda não batizada, se encontra em processo de validação e deve demorar um pouco mais para chegar ao mercado. Uma das principais diferenças dessas cultivares propagadas por sementes é a maior facilidade de formação de mudas pelos agricultores.

NÚMEROS. Mesmo sendo o estado de origem da planta, a produção de guaraná no Amazonas hoje é pequena e nem chega perto de atender a demanda das indústrias instaladas no estado e que utilizam o fruto como matéria-prima. 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na safra de 2015, a produção total do estado foi de 662 toneladas, bem inferior ao maior produtor do Brasil que é a Bahia, que no mesmo período colheu 2.694 toneladas. 

Para o pesquisador e economista da Embrapa Amazônia Ocidental José Olenilson Costa Pinheiro, a falta de uma organização da cadeia produtiva, a baixa adoção de tecnologias pelos produtores e dificuldades de logística explicam essa baixa produção no estado, entre outras causas. 

Fonte: Embrapa
Foto: Felipe Rosa/Embrapa