Queda nos preços das forrageiras favorece reforma de pastagem
CEPEA - Após preços recordes em 2016, a oferta
de sementes forrageiras deve ser maior neste ano. De acordo com
colaboradores do Cepea, a produção em 2017 está firme, devido às boas
condições climáticas. Deste modo, a expectativa de agentes é de maior
oferta de sementes para pastagem, atrelada também à maior qualidade.
A demanda também pode ser elevada já que, com as altas de preços em
2016, muitos produtores que precisavam reformar pastagem deixaram para
fazer neste ano. Ainda assim, com as quedas na cotação da arroba, é
possível que este aumento na demanda não se concretize. Pecuaristas mais
tecnificados alegam que não podem adiar a manutenção e a reforma dos
pastos, visto que precisam manter a capacidade suporte e os níveis de
produtividade já alcançados.
2016 – O valor das
sementes forrageiras subiu 71%, em média, no Centro-Oeste, no ano
passado. Quanto à “média Brasil”, a elevação no mesmo período foi de 55%.
Algumas variedades chegaram a registrar forte alta de 250%. Os aumentos
são justificados pela redução na produção de sementes, decorrentes de
problemas climáticos na safra 2015/16. Devido às consequências do
fenômeno El Niño, que é caracterizado pelo aquecimento das águas do
oceano Pacífico, houve déficit hídrico nas principais regiões produtoras
do Brasil (Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Goiás e oeste de
São Paulo).
Mesmo com a alta dos preços, pecuaristas
mais tecnificados mantiveram as compras em 2016. Porém, para a maioria
dos produtores, a alta das cotações desestimulou a reforma. Pelo mesmo
motivo, as exportações brasileiras também se reduziram: o volume
embarcado em 2016, de 7.552 toneladas, foi 12% inferior ao de 2015, de
8.571 toneladas, segundo dados da Secex.
2017 – Os preços de
sementes forrageiras iniciaram o ano com altas moderadas, de 2,1% em
janeiro e de 0,8% em fevereiro, na “média Brasil”. Em março e abril, por outro lado, as quedas
foram de 0,02% e 2,78%, refletindo o enfraquecimento da demanda, uma
vez que o período de reforma das pastagens se encerra junto à época das
águas. O cenário de queda também foi observado em maio e junho.
IMPORTÂNCIA –
Atualmente, no Brasil, estima-se que 70% das pastagens apresentem algum
grau de degradação. Isso ocorre porque a pecuária de corte é uma
atividade que exige baixos investimentos, adaptando-se a diversas
condições edafoclimáticas. Porém, o aumento da produtividade precisa,
necessariamente, passar pelo manejo das pastagens.
Ainda no Brasil, existe uma resistência
do pecuarista em olhar a pastagem como uma cultura agrícola e ver o boi
como a “colheitadeira” do capim. Na agricultura, para a produção, o solo
é preparado, corrigido e adubado. O agricultor compra a semente da sua
cultura estimando quantas plantas e qual será a produção por hectare.
Infelizmente, esta ainda não é a realidade do pecuarista, que, de acordo
com colaboradores do Cepea, muitas vezes coloca o preço como critério
na compra de semente de pastagem – não é à toa que agentes deste mercado
estimam que cerca de 20% de sementes sejam “piratas”, sem nenhum
controle de processos e qualidade.
Se o manejo da pastagem não é realizado
de forma adequada, como uma cultura agrícola, pode haver desperdício de
outros insumos relevantes. Como para a agricultura, existe uma
quantidade ideal de sementes por metro quadrado, que, no entanto, não é
seguido pela maioria esmagadora dos pecuaristas.