Em um ano, receita do pecuarista recua quase 20%

CEPEA/ESALQ/USP - Os preços do bezerro e do boi gordo seguem em queda. Na comparação com as médias mensais de junho de 2016 até a parcial deste mês (até o dia 27), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do bezerro (Mato Grosso do Sul) cedeu expressivos 18,35%, em termos nominais, passando de R$ 1.338,82 em junho de 2016 para R$ 1.093,11 neste mês. Esta é a queda mais expressiva, considerando-se a comparação anual de junho para junho, desde o início da série histórica do Cepea, em 2000.

Quanto ao boi gordo, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa cedeu 17,73% de junho de 2016 até a parcial deste mês, também em termos nominais. Em junho do ano passado, a média da arroba foi de R$ 156,67 e, nesta parcial deste mês, está em R$ 128,89. Assim como para o bezerro, este é o recuo mais significativo, considerando-se o mesmo comparativo dos últimos 12 meses, desde o início da série do Cepea, em 1997.

MOTIVOS PARA A QUEDA – Muitos fatores explicam este movimento. O primeiro está relacionado aos maiores investimentos realizados por pecuaristas em períodos anteriores, que resultaram em ganhos em produtividade e também à disponibilidade de fêmeas para abate. Este cenário e a demanda ainda sem fôlego para absorver o excedente produzido pressionaram as cotações já no início do ano.

Após a operação Carne Fraca e os recentes desdobramentos políticos e econômicos da delação, a principal indústria do setor reduziu expressivamente o volume de animais abatidos. Com isso, a necessidade de preencher escalas de indústrias concorrentes foi rapidamente atendida, permitindo que estes agentes tivessem mais poder de negociação com o produtor.

Este cenário foi agravado pelo fato de a produção primária ser composta por número muito elevado de pecuaristas com pouca organização em comercialização conjunta e grande heterogeneidade no produto ofertado. Isto os caracteriza como agentes econômicos tomadores de preços. Já o elo intermediário da cadeia, mais concentrado e organizado, administrou as compras a ponto de não inundar o mercado atacadista.

A solução para vencer os desafios de 2017 estaria no aumento das exportações, oportunidade que tem sido prejudicada pelos problemas de imagem da cadeia. No acumulado do ano, o volume exportado ainda é menor que o do primeiro semestre de 2016, conforme dados da Secex.

Foto: Embrapa/Reprodução