Conheça a Acolhida da Colônia, um dos maiores projetos de turismo rural do país
Acolhida da Colônia é um dos projetos mais bem-sucedidos de agroturismo do Brasil
As fotos foram retiradas do site da Acolhida da Colônia e são de Jonatha Jünge
O De Olho no Campo entrevista hoje Thaise Guzzatti, co-fundadora da Acolhida na Colônia. A Acolhida é uma associação de turismo rural do estado de Santa Catarina.
Foi criada em 1999 e conta com 180 família de agricultores. São oferecidos passeios, hospedagem, refeições típicas e produtos artesanais.
A ideia é manter as famílias no campo, com geração de renda e valorização do trabalho rural. O turismo rural oferece uma renda extra e facilita a permanência dessas pessoas na sua atividade, explica Thaise.
Apesar disso, há problemas que atrapalham o crescimento do turismo rural no Brasil, como a questão fiscal. Em Santa Catarina há a Lei TRAF, promulgada em 2008 mas ainda não regulamentada.
- Os agricultores não podem usar a nota de produtor rural. Isso está levando alguns produtores a desistirem porque acham que nunca vai sair e não querem perder a condição de produtor rural. Outros foram montar pequenas empresas. De toda forma é ruim para nós... pois desmobiliza e irrita produtores.
As fotos foram retiradas do site da Acolhida da Colônia e são de Jonatha Jünge
O De Olho no Campo entrevista hoje Thaise Guzzatti, co-fundadora da Acolhida na Colônia. A Acolhida é uma associação de turismo rural do estado de Santa Catarina.
Foi criada em 1999 e conta com 180 família de agricultores. São oferecidos passeios, hospedagem, refeições típicas e produtos artesanais.
A ideia é manter as famílias no campo, com geração de renda e valorização do trabalho rural. O turismo rural oferece uma renda extra e facilita a permanência dessas pessoas na sua atividade, explica Thaise.
Apesar disso, há problemas que atrapalham o crescimento do turismo rural no Brasil, como a questão fiscal. Em Santa Catarina há a Lei TRAF, promulgada em 2008 mas ainda não regulamentada.
- Os agricultores não podem usar a nota de produtor rural. Isso está levando alguns produtores a desistirem porque acham que nunca vai sair e não querem perder a condição de produtor rural. Outros foram montar pequenas empresas. De toda forma é ruim para nós... pois desmobiliza e irrita produtores.
Outro ponto citado por Thaise é a estratégia de comunicação, já que as formas tradicionais por agências de viagem e revistas nem sempre são eficazes para o agroturismo.
Thaise diz que sente um certo preconceito com o turismo rural, já que ele não é abordado em cursos de agronomia nem de turismo e que falta apoio dos órgãos públicos (secretarias, entidades de extensão rural etc).
Como vocês avaliam os incentivos governamentais para a estruturação do turismo rural no Brasil? O que precisa ser melhorado? E como?
Falando do Governo Federal, acho que "ninguém" assume a questão do turismo rural. Sinto um empurra-empurra entre Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério do Turismo, sem políticas concretas para estruturar a atividade.
Em 2007, a Acolhida foi escolhida pelo Ministério do Turismo como Destino Referência em Turismo Rural. Por conta disso, nos auxiliaram um pouco a melhor estruturar nosso produto.
Mas... e os outros destinos? No meu ponto de vista, mostraram para várias comunidades a possibilidade e não tinham uma estratégia clara nem políticas para auxiliar estas comunidades a desenvolver a atividade.
Muitos municípios brasileiros entram em contato querendo fazer parte. Mas geralmente são municípios pequenos, essencialmente rurais, com dinheiro contado. Eles precisam de apoio.
"Acho necessária uma política de extensão rural que apoie e oriente agricultores/as interessados na atividade; um programa de promoção dos destinos diferenciada, campanha para viajantes conhecerem o interior e uma ação integrada com as escolas; infraestrutura para os municípios, especialmente melhoria das estradas, sinalização e comunicação; além, claro, da lei"
Quais as principais dificuldades o turismo rural enfrenta para se desenvolver no Brasil?
Além da lei e da falta de apoio público, é difícil chegar no visitante. A forma como o turismo tradicional se vende - agentes de viagem, revistas, etc, etc, não tem se mostrado eficiente para o agroturismo.
Encontrar formas adequadas de venda é um desafio. Temos ensaiado, além da Internet, ações mais focadas em públicos com perfil que acreditamos poder se interessar pelo agroturismo - consumidores de produtos orgânicos, por exemplo.
Encontrar formas adequadas de venda é um desafio. Temos ensaiado, além da Internet, ações mais focadas em públicos com perfil que acreditamos poder se interessar pelo agroturismo - consumidores de produtos orgânicos, por exemplo.
Além disso, cabe ressaltar que nossas ações acontecem, via de regra, em municípios pequenos, essencialmente rurais e com infraestrutura bastante precária. As estradas são ruins, nem sempre há sinalização etc.
Além disso, geralmente são cidades que não possuem/desenvolvem o turismo e assim não possuem uma estrutura municipal para apoio a atividade.
Nas instituições de apoio à agricultura - Secretaria de Agricultura e Emater, por exemplo, o foco são atividades agrícolas/pecuárias.
Geralmente os profissionais não possuem preparo para trabalhar com isso (esse assunto geralmente não é abordado nos cursos de agronomia e nem mesmo nos de turismo).
Nas instituições de apoio à agricultura - Secretaria de Agricultura e Emater, por exemplo, o foco são atividades agrícolas/pecuárias.
Geralmente os profissionais não possuem preparo para trabalhar com isso (esse assunto geralmente não é abordado nos cursos de agronomia e nem mesmo nos de turismo).
A Acolhida tem vários parceiros, entre entidades públicas como a Epagri e o governo catarinense, mas também com empresas como a TAM. Como funcionam essas parcerias?
Geralmente recebemos apoio financeiro para o desenvolvimento de nosso projeto - assistência técnica para os agricultores, formação e outras ações como comercialização dos roteiros.
A parceria com a TAM significou muito para nós, para os agricultores... Muitas vezes ouvimos que o trabalho que fazemos não deveria ser considerado turismo.
Então, uma das maiores empresas de transporte aéreo do país, incluindo sua agência de viagens, reconhecer o nosso trabalho, divulgá-lo em todos os seus vôos, tentar comercializá-lo e oferecer como recompensa para seus funcionários passeios para acolhida foi até emocionante.
Pena que a política das empresas e do governo se modifica a todo momento. Não continuaram com o apoio edital de sustentabilidade.
A parceria com a TAM significou muito para nós, para os agricultores... Muitas vezes ouvimos que o trabalho que fazemos não deveria ser considerado turismo.
Então, uma das maiores empresas de transporte aéreo do país, incluindo sua agência de viagens, reconhecer o nosso trabalho, divulgá-lo em todos os seus vôos, tentar comercializá-lo e oferecer como recompensa para seus funcionários passeios para acolhida foi até emocionante.
Pena que a política das empresas e do governo se modifica a todo momento. Não continuaram com o apoio edital de sustentabilidade.
Como funciona o turismo pedagógico? E de que forma ele ocorre na Acolhida?
Sobre turismo pedagógico, a ideia é que os alunos - crianças até adultos - aprendam com o agricultor, através do seu saber sobre a produção, estações do ano, natureza.
Pode ser uma visita isolada da escola à propriedade ou um programa mais amplo, prevendo ações pré-visita, visita e pós visita.
A proposta está bastante atrelada à ideia de valorização da agricultura familiar e de uma alimentação de qualidade. Através da conscientização das crianças teremos consumidores mais preparados e também a ideia é provocar mudanças nas famílias através dos seus filhos.
Pode ser uma visita isolada da escola à propriedade ou um programa mais amplo, prevendo ações pré-visita, visita e pós visita.
A proposta está bastante atrelada à ideia de valorização da agricultura familiar e de uma alimentação de qualidade. Através da conscientização das crianças teremos consumidores mais preparados e também a ideia é provocar mudanças nas famílias através dos seus filhos.