Produção de sorgo é alternativa viável no período de poucas chuvas

Importante fonte nutricional para gado de leite e corte, dentre outros ruminantes, o sorgo vem ganhando espaço entre as espécies forrageiras cultivadas em Minas Gerais, ampliando a produção em 617% entre os anos de 2001 a 2014. 

O cultivo é recomendado como alternativa para regiões ou períodos de cultivo com baixo índice de chuvas, que inviabilizam outras culturas.

A escolha da cultivar correta, adubação, controle de pragas e doenças, dentre outras técnicas de manejo, impulsionaram a produtividade do sorgo em mais de 70% desde 2001, atingindo 3.007 kg por hectare, garantindo aos produtores mineiros maiores retornos da cultura. 

A produção estimada para a safra 2014/2015 é de 506,3 mil toneladas e contribui em 25% do total produzido no Brasil. O Valor Bruto da Produção (VBP) do sorgo atingiu R$ 125,16 milhões, em 2013, ocupando a 17º posição ranking dos produtos avaliados pelo IBGE.

“O sorgo é cultivado em duas safras, sendo que a segunda safra mineira é a mais expressiva, representando mais de 96% do total da produção da cultura em Minas Gerais. A recorrente falta de chuvas impulsionou o cultivo de sorgo para amenizar os riscos com a seca e as altas temperaturas. O que garante maior estabilidade na produção”, explica o assessor técnico da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Francisco Augusto Lara. 

Estudos da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) têm atestado o potencial do sorgo também como matéria-prima para o setor sucroenergético para produção de biocombustíveis. Além disso, existem várias técnicas de manejo, como o sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, controle de pragas e doenças que garantem bons resultados.

De acordo com o pesquisador da Epamig, Carlos Juliano Brant Albuquerque, o uso na alimentação humana também vem atraindo pessoas que evitam alimentos com glúten. “Além do uso na forma de silagem, pastagem e na forma de ração, o sorgo pode ser utilizado na alimentação humana. Isso é comum em países africanos, onde o milho não é produzido devido aos problemas com escassez de chuva”, explica.

O amido do sorgo é utilizado na produção de massas para biscoitos, pães, entre outros pratos, com a vantagem de não possuir glúten ao contrário de outros cereais como trigo e milho, por exemplo. Recentemente, pesquisas têm demonstrado também o potencial do sorgo para produção de etanol de primeira geração e segunda geração (sorgo sacarino), além da cogeração (sorgo biomassa). “Acredito que a continuidade de pesquisas envolvendo esses grupos de sorgo é fundamental para que possamos obter mais uma alternativa de energia renovável para o Brasil”, avalia o pesquisador.

Segundo o coordenador de culturas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), em Montes Claros, Reinaldo Nunes de Oliveira, a empresa vem ao longo dos últimos anos incentivando o cultivo de sorgo no semiárido mineiro. 

Apesar dos baixos índices pluviométricos dos últimos meses, com as chuvas que atingiram o estado na última semana, foram observadas melhorias nas lavouras. “Com as chuvas dos últimos dias pode-se constatar que a cultura do sorgo apresentou uma recuperação satisfatória, situação que não ocorreu com o milho”, explica o coordenador.

Tipos de sorgo
De acordo com o pesquisador da Epamig, Carlos Juliano, o que diferencia os tipos de sorgo é a forma no qual se destina o uso. As características morfológicas como tamanho da planta, produtividade de grãos, tamanho dos internódios, tipo de panícula, teores de açucares no colmo direcionam maior aptidão das cultivares.

“Para uso comosorgo granífero, sorgo silageiro, sorgo corte pastejo, pastejo, sorgo vassoura, sorgo sacarino e sorgo biomassa, os dois primeiros mais comuns e com sistema de produção bem definidos e ajustados para várias regiões do estado”, comenta.

Regiões aptas a produzir
A região Norte de Minas Gerais é uma das principais regiões produtoras de sorgo silageiro no Brasil. Já no Triângulo Mineiro prevalece o sorgo granífero na segunda safra, ou safrinha. “Em Minas Gerais o sorgo é recomendado para todas as regiões, entretanto alguns cuidados devem ser tomados, exemplo disso é o uso do sorgo na segunda safra ou safrinha no sul do Estado. 

Essa região é caracterizada por baixas temperaturas na segunda safra e essa condição pode favorecer a mela ou ergot, doenças típicas quando a temperatura é baixa” explica Carlos Juliano.

Foto: Divulgação/Seapa