Unesp realiza seminário sobre produção de alimentos orgânicos

Durante todo o dia 13 de outubro, mais de 70 pessoas participaram de palestras sobre agricultura orgânica

Paulo Palma Beraldo

Vontade de começar a produzir alimentos orgânicos não falta. Nem interesse. Mas informação, sim, tem faltado. 

E com o objetivo acabar com as dúvidas sobre o cultivo de orgânicos em Bauru e região, o "Seminário Tecnologias para a Produção Orgânica de Alimentos" foi realizado. 

O organizador foi o professor Aloísio Costa Sampaio, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual Paulista, câmpus de Bauru.

O evento abordou temas como manejo integrado de pragas, adubação verde, controle biológico, monitoramento de pragas, o mercado de orgânicos no estado de São Paulo entre outros. 

As empresas participantes foram BUG Agentes Biológicos, Koppert, Piraí Sementes, Coopercitrus e Bio Controle. 

 - A finalidade é divulgar as principais ferramentas disponíveis em termos de controle de pragas e doenças. O sistema orgânico tem uma alta complexidade, principalmente pela ausência da possibilidade de usar inseticidas e defensivos tradicionais. Porém, grande parte dos produtores que querem fazer a conversão do sistema convencional para o sistema desconhecem tecnicamente essas principais ferramentas - explica o pesquisador ao De Olho no Campo


Estiveram ainda na abertura do seminário a pesquisa Aparecida Marques de Almeida Spadotti, da Agência Paulista de Tecnologia em Agronegócios (APTA) e o  engenheiro agrônomo Johannes Feldenheimer, diretor técnico da regional da Cati de Bauru. 

Ambos destacaram a importância do cultivo orgânico e a possibilidade de crescimento desse segmento no mercado brasileiro. 

Vespinha
A primeira palestra foi sobre o uso do Tricchograma sp., a vespa parasitóide de ovos mais usada no mundo, dentro do Manejo Integrado de Pragas. 

O responsável foi Bruno Marin, engenheiro agrônomo representando a BUG Agentes Biológicos, criada em 2001 que produz e comercializa agents biológicos. Sua sede é em Piracicaba-SP. 

Essa 'vespinha' tem menos de um milímetro e injeta larvas nos ovos de pragas. Isso impede o nascimento dos seres vivos que poderiam surgir e atacar as plantas. 

O ciclo de vida da vespinha é curto, não passando de uma semana. Portanto, ela não infesta a lavoura nem causa problemas ambientais. 

As principais culturas que usam o Tricchograma sp. são a cana-de-açúar, o milho, a soja e o algodão. Em relação às hortaliças, ele pode ser usado na cultura do tomate. 

Defensivos biológicos e feromônios
A palestra seguinte foi sobre o uso de defensivo biológicos à base de fungos, bactérias e vírus no controle de pragas e doenças. O responsável foi Fernando Bonafé Sei, pesquisador da Koppert Biological Systems, empresa holandesa presente em 80 países e que atua no Brasil desde 2012, em Itapetininga-SP. 

A questão das armadilhas também foi abordada no seminário, com o uso de iscas e feromônios no monitoramento de pragas. Quem falou sobre o assunto foi o engenheiro agrônomo Samuel Morais, da Bi Controle - Métodos de Controle de Pragas Ltda. 

A empresa foi fundada em 1997 e dispõe de produtos para variadas culturas como: hortaliças, flores, algodão, cana-de-açúcar, maçã,  fumo, milho, grãos armazenados entre outras.

Adubos verdes
No período da tarde, a adubação verde foi tema de palestra do engenheiro agrônomo José Aparecido Donizete Carlos, representante da Sementes Piraí, de Piracicaba-SP. 

A adubação verde consiste no uso de leguminosas para auxiliar no fornecimento de nitrogênio para culturas de  interesse comercial e proteger o solo da erosão

A empresa existe desde 1973 e atende culturas como cana-de-açúcar, algodão, grãos, pastagens, tabaco, frutas entre outros. 

São Paulo Orgânico
Outra palestra foi ministrada pelo engenheiro agrônomo Marco Aurélio Parolim Beraldo, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Regional/Bauru. O assunto foi o programa São Paulo Orgânico, que tem como meta propor políticas públicas e fomentar o mercado de produtos orgânicos e sustentáveis, apoiar os produtores e promover a difusão de tecnologias. 

Para viabilizar o acesso aos recursos necessários para a implantação de culturas orgânicas, foi criada uma linha de financiamento, pelo Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA). 
O teto de financiamento é de até R$ 100 mil por agricultor, pessoa física ou jurídica, e de até R$ 400 mil por cooperativa ou associação de agricultores. O prazo de pagamento é de até 7 anos, inclusa a carência de até 4 anos. O encargo financeiro é de 3% de juros ao ano.
Dentro desta linha de financiamento o agricultor poderá financiar a certificação da área produtiva, a aquisição de equipamentos e insumos destinados à transição agroecológica e a modernização da produção orgânica. 
Também poderá financiar a instalação e equipamentos para a produção de fertilizantes e defensivos orgânicos, além do custo das análises laboratoriais (água, solo, fertilizantes e outros) e dos procedimentos para outorga de água e georreferenciamento da propriedade.
Para finalizar, houve uma visita à Estância Fonte Azul, onde existe um sistema de produção de maracujá orgânico irrigado.