Pesquisa da ESALQ revela técnica para aumentar produção de manjericão

O manjericão é uma das ervas medicinais mais populares e úteis na culinária brasileira pelo seu aroma e fragrância. 

As principais formas de utilização são o manjericão fresco, seco ou em óleo essencial, sendo este último o que possui maior valor agregado. 

- Muitas pesquisas foram desenvolvidas sobre essa planta para avaliar o rendimento, componentes de produção, teor e composição do óleo essencial, mas poucas se centralizaram nos efeitos da irrigação associada à adubação potássica - explica o engenheiro agrícola, Jefferson Vieira José.

Em sua tese de doutorado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação (PPG) em Engenharia de Sistemas Agrícolas, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), José avaliou, sob a orientação da professora Patrícia Angélica Alves Marques do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB), as condições para alcançar o máximo rendimento de óleo essencial. 

- A hipótese era de que diferentes lâminas de irrigação e doses de potássio afetam os componentes da produção do manjericão - conta o pesquisador.

O estudo foi desenvolvido em 2013 na área experimental do LEB. O cultivo foi realizado entre janeiro e dezembro em blocos aleatorizados da área, com parcelas subdivididas e quatro lâminas de irrigação. 

A técnica utilizada foi o gotejamento, adotando o manejo de irrigação com estimativa de umidade do solo por meio de dados da sonda de capacitância modelo Diviner 2000®.

As lâminas de irrigação e doses de potássio apresentaram incremento no rendimento de óleo essencial. Segundo o trabalho, houve maior produção na menor lâmina, com 56% da capacidade de água de solo atingida. 

A dose de adubação potássica essencial para o maior rendimento foi de 200 kg por colheita.

De acordo com o autor, os resultados de sua pesquisa irão complementar estudos direcionados ao manejo da cultura de manjericão, possibilitando identificar o ponto de equilíbrio entre uma adubação potássica e uma lâmina de irrigação. 

- Espera-se que os produtores que sustentam a cadeia produtiva possam utilizar esses resultados para maximizar sua produção também de maneira sustentável - ressalta. 

Entre os resultados também se encontra a determinação da evapotranspiração e dos coeficientes de cultivo para a cultura em Piracicaba.

Irrigação e adubação potássica

Segundo o pesquisador, há relatos de que tanto o déficit quanto o excesso de água são fatores determinantes para o cultivo e produção de determinadas espécies de plantas. No caso das plantas medicinais, o déficit pode afetar o desenvolvimento, o teor e o rendimento do óleo essencial. 

- O déficit hídrico moderado, por sua vez, tem sido benéfico para o acúmulo de princípios ativos em plantas medicinais e aromáticas, mas com certa redução da produção de biomassa. Porém, plantas irrigadas podem compensar o baixo teor de princípios ativos com maior produção de biomassa, o que resulta em maior rendimento final destes compostos por área cultivada - ressalta.

Já o potássio exerce uma série de funções relacionadas com o armazenamento de energia. Entre as várias funções está o melhoramento da eficiência do uso da água, devido ao controle da abertura e fechamento dos estômatos. 

Relata-se que em plantas medicinais a variação deste nutriente pode afetar o metabolismo da planta, inclusive a produção de óleos essenciais.

Fonte: Alessandra Postali/Assessoria de Comunicação ESALQ
Foto: Jefferson Vieira José