Agricultores melhoram estrutura de produção no Semiárido

Campo Experimental da Caatinga conta com cisternas interligadas a um sistema de mangueiras que, gota a gota, distribui água para abastecer pomares com 30 e 50 fruteiras


As políticas públicas para a convivência com o Semiárido têm aproximado as estratégias produtivas e de interação de conhecimentos entre os agricultores e suas organizações, e as instituições de pesquisa e de desenvolvimento. 

O resultado é o crescimento da renda e da segurança alimentar entre um número cada vez maior de famílias e de comunidades rurais nas áreas secas da região Nordeste.

Para o Técnico em Agropecuária Gilmar Ferreira Martins, do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP), há informações que podem ser apropriadas pelos sistemas de cultivos e melhorar o desempenho produtivo e o manejo de tecnologias financiadas com recursos de programas como o P1+2 (Uma Terra, Duas Águas). 

Em visita à Embrapa Semiárido, junto com 34 agricultores, agricultoras e alguns jovens, todos beneficiados por esse programa nos municípios baianos de Campo Alegre de Lurdes, Pilão Arcado e Remanso, ele destacou que o intercâmbio com pesquisadores e técnicos potencializa a infraestrutura hídrica que está instalada nas pequenas propriedades: cisternas de 16 e 52 mil litros e os barreiros trincheira com capacidade para acumular cerca de 500 mil litros.


Possível

Na área de estudos dessas tecnologias no Campo Experimental da Caatinga, da Embrapa Semiárido, cisternas com essas dimensões são interligadas a um sistema de mangueiras que, gota a gota, distribui água para abastecer pomares com 30 e 50 fruteiras (manga, mamão, acerola, citros, pinha e caju).

Ao longo do ano, as quantidades distribuídas têm como referência a elevação da temperatura e a consequente evaporação da umidade do solo. Na época das chuvas, o volume de água disponível para as plantas é um. 


Nos meses posteriores a essa época, aumenta o volume. E quando o tempo esquenta e a evaporação se intensifica, cresce também a demanda das plantas e a quantidade de litros ofertados às frutas torna-se maior. Com esta estratégia de manejo as plantas sobrevivem ao período seco e o pomar não deixa de produzir.


Nas propriedades dos agricultores e das agricultoras assistidas pelo SASOP as cisternas são usadas também na diversificação dos cultivos, especialmente para produzir hortaliças nos quintais das residências. Desde que passaram a fazer isso, o impacto na segurança alimentar foi "muito positivo".

"Antes precisavam se deslocar para as cidades e comprar verduras. Hoje, basta ir ao lado da casa e colher um alimento de qualidade, orgânico". Melhora a comida e a renda: "só deixar de comprar, já é uma boa economia", explica.

Condições

Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia, o engenheiro agrônomo Sérgio Guilherme de Azevedo considera que a recepção de visitas é uma forma da Embrapa Semiárido prestar contas à sociedade. É também "uma grande ferramenta de prospecção e qualificação de demandas de transferência de tecnologias e de pesquisa".


Além disso, nos projetos em execução existe a preocupação de desenvolver conhecimentos e técnicas em condições próximas às que possuem os agricultores das áreas de sequeiro. Desta forma, as visitas são oportunidades para observarem como podem ser viáveis adotar nas suas propriedades.

Fonte: Marcelino Ribeiro/Embrapa Semiárido
Foto: Elder Rocha