Abag realiza o 13º Congresso Brasileiro do Agronegócio em São Paulo
Com o tema “Valorização e Protagonismo”, mais de 800 pessoas participaram do evento organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio
Paulo Palma Beraldo
Foi realizado na cidade de São Paulo o 13º Congresso Brasileiro do Agronegócio, organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio, Abag, no dia 04 de agosto. O local escolhido foi o Sheraton WTC Hotel.
O evento contou com a presença de importantes nomes do cenário agropecuário e de personalidades políticas como deputados de vários partidos, governadores e até o vice-presidente do país, Michel Temer (PMDB).
Mais de 180 jornalistas foram credenciados. Representantes de associações, empresas, instituições e entidades agrícolas completaram o público, estimado em 800 pessoas.
Em seu pronunciamento inicial, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Luiz Carlos Corrêa Carvalho salientou a necessidade de o governo dar mais importância ao setor. Segundo ele, o Brasil é um país que tem no agronegócio as bases de seu desenvolvimento.
Uma palestra do economista Samuel Pessoa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, abriu a programação. Samuel disse, entre outras coisas, sobre a natureza do crescimento econômico brasileiro nos últimos anos.
“Como será o desempenho da economia brasileira em 2014? A indústria vai recuar 2%. O setor de serviços vai andar para frente 1,1%. E a agropecuária vai crescer 3,2%. Podemos dizer que o crescimento da economia brasileira este ano está em grande medida ligado ao agronegócio”, disse Samuel Pessoa.
Posteriormente, ocorreu um painel sobre o agronegócio e as novas mídias, coordenado pelo jornalista Heródoto Barbeiro, da TV Record. Um dos debatedores foi o jornalista Rodrigo Mesquita, especializado em tecnologia de informação e novas formas de interação com o público. A professora Elizabeth Saad Corrêa, da Escola de Comunicação e Artes, da USP, e o engenheiro Demi Getschko, professor da PUC-SP, pioneiro da implantação da Internet no Brasil.
“É preciso chamar atenção para o tamanho da ruptura que a Internet traz para todos os segmentos sociais e econômicos. Certamente ninguém previu isso quando a Internet começou”, apontou Getschko.
Já a pesquisadora Elizabeth Saad chamou atenção para o impacto da comunicação na sociedade e o estado que essa comunicação hoje está. “Estamos vivenciando uma sucessão de mudanças. O modo como nos informamos está completamente diferente do que era antigamente”. A pesquisadora apresentou a foto da posse do Papa Francisco para ilustrar o forte uso dos equipamentos em eventos sociais.
“A Internet é uma tecnologia que está causando rupturas em uma série de negócios. O primeiro deles é a indústria de informação”, disse Mesquita, que citou um trabalho recente feito por uma associação de jornais norte-americanos, indicando que os 1.300 maiores jornais dos Estados Unidos têm 160 milhões de visitantes únicos; oFacebook tem 165 milhões por dia. “Você pode ter qualquer atitude em relação à Internet, mas você não pode ignorá-la”, afirmou Rodrigo Mesquita.
Nas falas, foi ressaltada a importância que a Internet tem assumido no processo de comunicação atual com exemplos de empresas, organizações, partidos políticos e pessoas.
Prêmios
Encerrando os trabalhos na parte da manhã, foram entregues os prêmios Norman Borlaug e Ney Bittencourt de Araújo. O primeiro foi concedido ao presidente do Conselho da Agroceres, o engenheiro agrônomo Urbano Campos Ribeiral. O segundo foi para João Paulo Koslovski, presidente do Sistema Ocepar – Organização das Cooperativas do Paraná. Ribeiral ajudou a desenvolver pesquisas sobre espécies de milho híbrido no país. Koslovski é um importante nome do cooperativismo brasileiro.
Tarde
Na parte da tarde, o diretor do Núcleo de Agronegócio da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, José Luiz Tejon Megido apresentou a pesquisa de opinião “Agronegócio e a Sociedade”, feita em parceria o Instituto IPESO, representado na ocasião por Victor Trujillo.
Nesse painel atuaram como debatedores, os cientistas políticos Bolívar Lamounier, sócio-diretor da Augurium Consultoria e Christian Lohbauer, diretor de Assuntos Corporativos da Bayer. O painel contou com a moderação do jornalista William Waack, das Organizações Globo.
A pesquisa ouviu 600 pessoas de São Paulo, Porto Alegre, Belém, Salvador e Goiânia, as maiores capitais de cada região e demonstrou que existe uma percepção mais positiva do que se imagina do agronegócio nas grandes cidades. Uma das conclusões foi que 81,7% dos entrevistados consideram que o agronegócio gera empregos também nas cidades. Outros 74,9% concordam que o fato de o país ter estradas mal conservadas aumenta o custo dos alimentos.
O cientista político e sociólogo Bolívar Lamounier contestou os resultados da pesquisa e declarou seu “ceticismo” em relação às informações. Lamounier questionou a ausência de perguntas sobre temas conflituosos como luta sindical no campo, questões indígenas, ambientais e ligadas à Igreja.
“Se houvesse um leque mais contraditório (de perguntas), acho que nós chegaríamos a uma conclusão mais realista”, comentou Lamounier.
Lamounier explicou que a agricultura brasileira sempre foi e continua a ser alvo de um viés “anti-rural”. “No Brasil, as principais influências culturais foram contra a agricultura. Sempre se produziu, principalmente a partir do Rio de Janeiro, uma massa de literatura negativa para o proprietário de terras. Isso é muito reforçado pela Igreja Católica. Ela legitima a propriedade urbana, mas não a rural”, salientou o sociólogo.
Tejon respondeu que a pesquisa não havia sido apresentada completamente no debate. Disse ainda que 55% dos entrevistados não concordam com a afirmação de que o Brasil é um país que proteja o meio ambiente, enquanto outros 79% concordam que vai faltar água potável no mundo. “Então existem angulações nessa pesquisa que não são só um olhar positivo”, rebateu Tejon.
No último painel do Congresso, denominado Agronegócio e os Presidenciáveis, foram exibidos vídeos dos três candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas, com as propostas para o setor. Este painel foi coordenado pelo ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, e contou com a moderação de William Waack.
Representando Aécio Neves (PSDB) no debate, o engenheiro agrônomo Xico Graziano criticou a falta de apoio ao setor sucroenergético, comentando que existem 40 usinas “quebradas” no país. Já no caso de Eduardo Campos (PSB), o representante foi o deputado e coordenador de campanha Mauricio Rands. O foco durante todo o evento foi deixar claro que o governo de Campos e Marina Silva não irá prejudicar o agronegócio, apesar das ligações ambientais de Marina.
Em nome da atual presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer falou sobre as realizações do governo atual, salientando os pontos positivos e citando acordos internacionais realizados na gestão. Foram citados ainda o Código Florestal e a Lei de Biossegurança. Além dele, o ex-ministro dos Transportes Odacir Klein representou o governo atual. Disse que a questão do etanol é “complicada” e deve ser analisada em todo o seu contexto.
Paulo Palma Beraldo viajou a convite da ABAG/RP.