Aos 42 anos, Instituto Agronômico do Paraná busca se reinventar


No último domingo, 29 de junho, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) completou 42 anos de fundação. Foi idealizado com a missão de oferecer suporte técnico-científico para a diversificação do meio rural, estratégia adotada frente ao problema da fragilidade da economia paranaense à época, sustentada basicamente na cafeicultura. “Hoje, cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e 60% das exportações paranaenses têm vínculo direto ou indireto com a agropecuária, e a pesquisa teve papel significativo na construção dessa realidade”, afirma o diretor-presidente Florindo Dalberto.


Segundo Dalberto, ao longo dessas quatro décadas o Iapar ofereceu extensa gama de soluções aos produtores e se posicionou entre os principais centros de pesquisa do Brasil. Ele cita o desenvolvimento dos primeiros estudos sobre plantio direto; a viabilização da citricultura no Paraná, antes proibida em virtude do cancro cítrico; o modelo adensado de cafeicultura; a formação da raça Purunã; a adaptação do cultivo da seringueira e o lançamento de quase duas centenas de cultivares. “É uma instituição amadurecida e respeitada”, opina.

Essas conquistas, segundo o diretor-presidente, aumentam a responsabilidade de continuar atuando em alto nível – a atividade agropecuária se tornou tecnicamente sofisticada e passa a demandar conhecimentos cada vez mais complexos. “Para continuar a ser protagonista, é necessário a reinvenção permanente, o desafio é focar nas novas fronteiras da ciência, como a nanotecnologia e a bioinformática”, afirma.

Pesquisa
A Instituição está reformulando seu plano diretor de pesquisas. Segundo Dalberto, todos os projetos serão adequados às diretrizes e demandas obtidas a partir de reuniões envolvendo técnicos, produtores e lideranças de todas as regiões do Estado, além de pesquisadores do próprio Iapar e especialistas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) e Emater-PR. “Alguns programas de pesquisa terão sido completamente reformulados ao final desse trabalho”, explica o dirigente.

Dalberto destaca ainda a incursão do Iapar na área acadêmica, com implantação do curso de mestrado em agricultura conservacionista, já está no segundo ano de atividades letivas privilegiando em sua grade curricular a produção agropecuária ambientalmente sustentável.

Contratações
Sobre a carência de pessoal, Dalberto acredita que o novo Plano de Carreiras, recentemente sancionado pelo Governador Beto Richa, põe fim a um grave problema enfrentado pela instituição, a dificuldade de reter profissionais. “Os salários estavam defasados em relação aos valores praticados por entidades congêneres, sobretudo para os funcionários em início de carreira”, conclui.

Segundo Dalberto, superada a etapa de ajustes no Plano de Carreiras, o próximo passo será a realização de concurso público para a recomposição do quadro de pessoal.

Perfil
O Iapar desenvolve 14 programas de pesquisa: agroecologia, agroenergia, algodão, café, cereais de inverno, culturas diversas, feijão, fruticultura, manejo do solo e água, milho, produção animal, propagação vegetal, recursos florestais e sistemas de produção. Nesses programas são conduzidos 252 grandes projetos de investigação científica, que resultam na condução de mais de 600 experimentos em todo o Paraná, trabalho realizado em estações experimentais próprias e, também, em parceria com cooperativas, associações de produtores, universidades e outros centros de pesquisa.

Dezenove fazendas experimentais, quatro unidades de beneficiamento de sementes, 25 laboratórios de diferentes áreas de especialidade e 23 estações agrometeorológicas (também utiliza dados de outras 37 estações do Instituto Simepar) compõem a infraestrutura.

A equipe é formada por cerca de 700 funcionários, sendo 129 pesquisadores, a maior parte deles com doutorado, aos quais se somam aproximadamente 700 colaboradores que atuam em caráter temporário, caso de bolsistas, estagiários, pesquisadores voluntários e pessoal terceirizado.

Fonte: Edmilson Gonçales Liberal/Iapar
Foto: Divulgação