Novas técnicas aceleram pesquisas em melhoramento genético
Marcadores moleculares, seleção de genes de interesse e manipulação do DNA são algumas das ferramentas e práticas utilizadas no melhoramento genético moderno.
O pesquisador da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), Leonardo Boiteux definiu a técnica como sendo a “arte de combinar em uma única planta as características de interesse”.
Para ele, a pesquisa está sempre à procura de uma planta mais produtiva e com custo menor, por isso é necessário explorar o ambiente que ela vai ser cultivada “com um mínimo possível de adubo, pesticidas, que produza mais e que tenha custos de produção também reduzidos”, ressaltou.
Para alcançar o resultado que se pretende, o melhoramento dispõe de técnicas e ferramentas modernas que ajudam, facilitam e encurtam o caminho, como é o caso dos marcadores moleculares.
- Todos os genes de plantas ou animais estão colocados fisicamente em cromossomos, e esses cromossomos às vezes tem repertório de genes distintos. Você pode ter, por exemplo, uma resistência à doença próxima a genes que conferem a cor do olho, ou do fruto, no caso de plantas. Então se você tem um marcador e sabe a região do cromossomo que controla uma característica de cor de fruto, que só vai acontecer 90 dias depois que você semeou, é possível selecionar essa planta e avançar o processo - explicou.
O trabalho com as hortaliças é o foco dos estudos de Leonardo. Segundo ele, o grande feito da pesquisa ao longo desses anos foi tropicalizar a maioria das hortaliças que têm origem de países ou regiões do mundo de clima temperado.
- O objetivo é adaptá-las às condições dos trópicos, condições específicas de clima, resistência à doença e solo. Esse tem sido o grande esforço de pesquisa da nossa unidade - comentou.
Atualmente, cerca de 50 espécies de hortaliças melhoradas já estão no mercado.
A cenoura é um exemplo que deu certo e permitiu viabilizar o fornecimento de betacaroteno, um dos nutrientes mais essenciais para o ser humano, a preços baixos. O tomate também tem gerado bons resultados. Recentemente foi lançada uma cultivar com alto rendimento e resistente ao fungo Fusarium raça 3, a BRS Imigrante.
- Nós temos tomates de todas as cores e todos os tipos. Mas grande parte do mercado é do tomate salada. Então nós lançamos uma variedade resistente a um fungo que entrou no Brasil provavelmente via semente contaminada -afirmou.
Fonte: Juliana Freire/Embrapa Hortaliças
Fotografia: Andrew Davies/John Innes Centre